MEUS CAROS AMIGOS, A PARTIR DESTA SEMANA OS MEUS TRABALHOS PODERÃO TAMBÉM SER VISTOS NO SITE:
ALÉM DOS ACRÍLICOS, ÓLEOS, TECNICAS MISTAS TENHO TAMBÉM ALGUMAS COLAGENS.
Com o desejo que passem um bom carnaval, aqui fica um até breve
APRECIEM ARTE, ENRIQUEÇA A SUA CASA COM O COLORIDO QUE A SUA MENTE NECESSITA PARA UMA MELHOR DISPOSIÇÃO
MEUS AMIGOS, ATÉ 5 DE DEZEMBRO ESTÃO CONVIDADOS A VISITAR A MINHA EXPOSIÇÃO DE PINTURA NO "CENTRO CULTURAL DE ALFENA - ERMESINDE - VALONGO" DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 9 ÀS 17,30 COM INTERVALO PARA ALMOÇO DAS 12.30 ÀS 14.00 HORAS. aGRADEÇO ANTECIPADAMENTE A VOSSA VISITA.
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O meu Guestbook foi invadido por publicidade a medicamentos e congêneres... vai-me levar algum tempo a apagá-los...
Para maior e melhor divulgação dos nossos Sites, deixem ficar os vossos links que os publicarei no meu site. Decerto que conto com a vossa reciprocidade
No Mar sem água ao vento de espuma
Em levante, no rebentar das ondas
Amantes, foi há muito, recordo
Semeei em ti o amor que conservo
Prendi-me, solto, nas amarras do teu coração
Turbilhão, sem pontos cardeais, perdido
Teus lábios afago em adoração constante
Em silêncio, ingênuamente, à beira mar
Maré vazia, areal distante, te cantei o amor
Nua, no meio do nada, ergueste teus seios
Sobre terra húmida caminhaste a sorrir
Sombra irreal de contornos definidos
Quero continuar a sonhar,quero não mais acordar...
Sinto o silêncio vaguear por mim
À procura de algo que me falta
Aquele vaso de flores silvestres, secou
Com a água foi-se a beleza e o cheiro
Mas naquele inverno choveu vida
Malmequeres ou bemmequeres multiplicaram-se
Ânsia que me venhas buscar, sabes onde?
Juntos construiremos campos de flores
Sementes que germinam quentes de amor
Água que jorra dos poros de carinho
Criando uma vida a dois, embrião que cresce
Em talos, estáticos, rebentam folhas, flores
Abelhas inquietas semeias seu polen bem longe
De quantas flores lindas nascerem
De quanto amor haverá para dar...
Lágrima...
Sei que a choraste
Era tua...
Senti-lhe o gosto
Era doce...
Embora sofrida
Molhada de paixão
Nela vi a tua alma
Pequenina...
Pelo desgosto encolhida
Pelo medo, escondida
Medo de não me ter
De me perder?
Porquê?
Nunca de te amar deixei
Nunca a tua imagem traí
Meu toque sempre nos uniu
Mas medo tiveste...
Eu sei...
Mas não dependeu de mim
Felizes fomos...
Para além dos limites amamos
Limites? Existe isso no amor?
Não sei...
Só sei que te amei…
Mas teu medo cada vez mais
Aumentava...
Apesar de nunca ter deixado de te amar
Mas algo em mim entrou...
Corroeu-me por dentro
Nem teu amor me salvou
E a tua lágrima?
Doce...
Foi a última gota
Depositaste-a na minha face
Morto, senti-a
Húmida...
Quente...
Não secou...
Levei-a comigo
Estava escuro
Sem ar...
Mas a tua lágrima
Não secou
Conservou-se sempre em mim
Onde coube a tua alma
Teu amor e carinho
Que comigo levei
Paredes cobertas de musgo negro
Rosas púrpura sem cheiro nem vida
Fascínio que se quebrou, desalento
Inóspito mundo que para o zero caminha
Olhei para o quarto intacto da Mariana
O tempo ali tinha parado, que encanto
Paredes polícromas, fã de artistas de outrora
Chinelos postos ao sair da cama, alinhados
Ainda cheirava a uma vida que se despediu
Dos tempos em que das chuvas torrenciais
Suas águas de pureza, ainda bebíamos
Filtradas pela natureza existente
Fábricas, usinas, reciclagens, lixeiras
Libertam o que em nós se instala
Que nos vai matando aos poucos, às prestações
Suaves, sem que nada sintamos, mas eficaz...
Bem pertinho do nada
Depois de busca incessante
Encontrei teu carinho
Num bosque de algodão
Mais adiante, num riacho
Procurei teu reflexo colorido
Espelhado no leito estático
De águas turvas, vermelhas
No céu verde procurei teu amor
Banhado dum Sol cor-de-rosa
Que com mel adoçava o solo
Por fim desceste feliz, pendurada
Em fios de seda, brilhantes
Colhi-te verde, em minhas mãos amadureceste
Outras se seguiram uma a uma Gota a gota, sentiste os olhos secar Viveste para dentro, clausura Parecias um balão vazio Quem te mandou acreditar
Uma lágrima rolou-te pela face
diminuindo de tamanho, pingou
Diluiu o pó do tempo no chão
Humedeceu a esperança do ser
Estranho o brilho do soalho
À procura de fugir ao desespero
Vincava-te na face um leito
Esgotaste depósitos de amor
De costas voltadas para o mundo
Fechaste-te em concha ermética
Concentrada numa pérola negra
Nada se via para dentro
Crescia o desaparecer de ti
Amachucado, sem forma
Alma em puzlle sem peças
Bocados em cada planeta
Naquilo que lês e não vês
Do outro lado do monitor
Alguém te enganou com amor
Se disser o que nos meus pensamentos leio
Livre, espontâneo, como uma rosa selvagem
Com todas as reticências que me acompanham
Exporia ao mundo meus bem guardados segredos
Não sei se lícito tanto de mim dar a conhecer
Neste universo que a si próprio devora, audaz
Impiedoso, onde todos, vítimas, a sós padecem
Indiferentes ao significado da palavra “amor”
De egoísmos martelados, indestrutíveis, maus
Em cercos que se fecham, em camisas de força
Onde a liberdade já nem respirar consegue...
Mas a palavra “amor” do meu pensamento liberto
Para que no ar, expluda e polvilhe... Quem?...
Quem, ainda numa vida de felicidade acreditar..
O vento atirou com a porta
Estilhaçou vidros em pedaços
Tu, assustada, quase morta
Lembravas apenas um palhaço
Tinhas o nariz encarnado
Os olhos esbugalhados
Teu corpo maltratado
Completado aos retalhos
Cumprias um auto-castigo
Ninguém te obrigou a partir
Já ninguém chora contigo
Nem a dor quer repartir
Desprezaste a mão estendida
Preferiste dar-te ao ignorado
Pensando noutro modo de vida
Deitando ao lixo teu amado
Mais tarde a sombra envolveu-te
Sentiste o frio da solidão
O coração, petrificado, doeu-te
Já não mais viste minha mão
Tentaste recuar no tempo
P’ra recuperar quem te amava
Tal como acontece com o vento
Recuar? Que mais faltava
Foi quando te apercebeste
Meu Deus, foi um erro fatal
Mas nem assim te convenceste
Que o amor não é virtual
Agora sofres nas trevas
Abandonada nas horas
Deitada sobre ervas
Choras, choras, choras
Foi num Outono qualquer
Folhas amarelecidas caíam das árvores
Dançavam ao vento como loucas
Procurando onde poisar, inertes
Da minha janela, aos vidrinhos
Seguros por secas ripas de madeira
Por frinchas o frio entrava
Gelava-me os ossos, sem carne
São já décadas de Outonos
Onde tudo se repete a rigor
Sózinho no meu canto observo
Embutindo mágoa e muita dor
Foi pouco antes daquele Natal
Já perto dos anos oitenta
Que numa noite tenebrosa chocaste
E a tua vida de mim levaste
Não sei como consegui resistir
A prova é que ainda cá estou
Acompanhei-te até onde ficaste
Fiquei onde ambos amamos
Foram lindos os Outonos de outrora
Vividos por nós, abraçados
Atrás dos pequenos vidrinhos
Que hoje me gelam a alma
Contigo seguiu o calor do amor
Que me enchia o lar e o olhar
Vazio fiquei, sem ti em mim
Nunca alguém te ocupou o lugar
Jamais poderia trair
Sonhos que vivemos acordados
Escolhi de todo ficar só
Sem me querer noutro alguém
Tua lembrança é o quotidiano
Com que aprendi a viver
E assim vou passando anos
Comigo a envelhecer
Jurei a mim próprio este ano
Não mais ver folhas esvoaçar
E p’rá meu desejo cumprir
Para junto de ti vou partir
A tua proximidade arrepia-me
Nos teus olhos vejo vontade
Sinto o odor da pele morena
Desejos de ti me descontrolam
Era assim todas as noites
Deitada esperavas por mim
Com gestos de sedução
Onde o amor fazia amor
Ritual que se repetia
Sempre com novas emoções
Cada poro do teu corpo
Suava com grande paixão
Depois de teu corpo percorrer
Num mixto de amor e carinho
As nossas peças de encaixe
Num vai-vém compassado
Chegam bem alto, ofegantes
Para no aconchego de nós
Que bela a vida em comum
Amar-te perdidamente sem rumo
Neste universo nú e rude
Vai criar eternamente
Coesão no nosso amor
Assim faz sentido viver
O candelabro foi finalmente limpo
milhares de partículas de cristal
retomaram o seu brilho inicial
Cintilantes, projectaram imagens
nas paredes circundantes...
Reparei nuns olhos pairantes
desencontrados, de págem
pedaços de nariz, boca e corpo
procurando encontrar-se em formação
O vento dificultava a tarefa
bailando-te entre superfícies brancas
senti que esse alguém eras tu
Reconheci partes de ti
Afinal partiras
apenas a uma década...
Sabia que estarias no Céu
pelo percurso terrestre exemplar
em que outro lugar poderias estar?
As saudades que me deixaste
reacenderam-se de imediato
Comecei a sentir o teu calor
ardia-me por dentro a paixão
Desde que alguém te levou de mim
jamais fui capaz de amar
impossível substituir...
quem não tem substituição
E passei a viver da tua recordação
Tua presença física, teu cheiro o cor
apesar de não a agarrar
era presença constante em mim
alimentava-me a dor da partida
foste muito cedo, jovem, linda, boneca
alguém te levou para longe
deixando-me só...
sem tábua de salvação
Quem me dera ter ido contigo, tentei ainda
mas nada me garantia que fosse morar
na nuvem que te acolheu
Mas o que ficou de ti, lembrança
consegue fazer-me sorrir
sentir-me companhia da tua recordação
tão doce que inveja o mel
convívio diário com que deixaste
tuas roupas cheiro e afago
contra o meu rosto sofrido
Não percebo porque te levaram tão cedo
Com vinte aninhos apenas
Mas sei que me amaste, feliz
foram as tuas últimas palavras
Mas os cristais continuavam a dançar
em contínuas projecções de ti...
Sabia que estavas por perto
como sempre estive de ti...
De súbito
uma rajada de vento mais forte
rasgou a janela da sala
Os cristais tilintaram sem nexo
num esvoaçar de partículas pairantes
e...
quando olho para a parede do canto
vejo a tua imagem perfeita
o sorriso sai-te dos olhos
que me chamam em silêncio.
Corro para ti, louco de alegria
cada vez estou mais perto
até já sinto teu cheiro
... quando esbarro no cimento cansado
daquela parede centenária
Caí para trás, de olhar fixo na parede
já nada restava de ti
o vento acalmou, o candelabro estacou
os cristais imobilizaram-se, inertes
os teus cadinhos evaporaram-se
numa atmosfera densa...
Quem me dera ter entrado naquela parede
para a ti me juntar...
Afinal que faço aqui sózinho?
se conheces a dor
se a dor já passou por ti
se a dor já te causou desespero
se a dor já te fez chorar
se a dor já te fez querer morrer
se a dor já te fez rir de choro
se a dor já te fez cair de pé
se a dor já te doeu muito
se a dor já te abandonou
se a dor já te curou
outra dor irá surgir
outra dor irá tomar conta de ti
outra dor mais forte marcará presença
outras dores virão a seguir
outras dores colarão em ti
porquê o amor, sentimento universal
é sempre tão cruel?
é sempre tão efêmero?
quando pensas que estás bem
quando pensas que atingiste o amor
quando pensas que alguém tem o olhar em ti
quando pensas atingido teus objectivos
em segundos o tecto desaba
em segundos tudo rui
em segundos morres por dentro
maldita paixão
maldito crime que não cometeste
só porque cometeste o erro
de te entregar a alguém
Nua de espírito, não envergonhada, cárcere
Prisão que te grilha os ossos sem carne
Numa tentativa de exclusão da alma
Pretendendo de ti total automatização
Liberdade, condição negada com sentido
Amarrotar-te até à expressão mais simples
Com comando à distância, direita, esquerda
Vontade própria que se aborta, desaparece
Surges então amorfa, vítrea, mecânica, robot
Num corpo que não sente, embora móvel
Personagem de jogos electrónicos, virtuais
Despojada, por “chips” e cabos, substituída
Passaste a mulher “ideal”, burro de carga
Presságio dum mundo que se quer que acabe...
Piso a terra onde estivemos deitados
Onde trocamos amor por amor
Onde fizemos nossos corpos suar
Sedentos de prazeres só nossos
Foram horas onde o relógio parou
Pensando apenas no amor que brotou
Espontâneo de impulsos e carícias
Arco-iris, espectro de cores de amor
Foram horas que marcaram cá dentro
Sendo as estrelas, brilhantes, testemunhas
Omissas por não compreenderem o amor
A mancha dos nossos corpos no chão
Tingiram de rosa os grãos de areia
Para inveja de quem não conhece o amor
Os espaços permaneciam vazios
brancos, lavados, sem côr
sem alma, expressão ou dor
inócuos, insípidos, sem gosto
Não eram ocupados com vida
tudo era inerte, pesado
nem uma brisa mexia com nada
estáticos, hibernavam ao ano
Até que uma estrela se acendeu
rompeu o silêncio, deu cor
era linda, carinhosa, secular
iluminou grãos de areia casados
Não sei bem que viria a seguir
testemunha serei? Porquê?
sobrevivi a guerras de ódios
apenas por falta de amor
Hecatombe nuclear lançou tentáculos
envolvendo humanidades, esmagando-as
castigo por falta de amor?
Agora restava apenas a dor...
Mas a estrela que se acendeu
Aqueceu meu corpo de esperança
Parti errante pelos escombros
à procura da “Eva”... recomeço?
Noite escura, sem estrelas, tenebrosa
Própria de encantamentos fantasmagóricos
Que nos gelam o sangue, mesmo nos capilares
Silenciosa, circundada por cegos morcegos
Leve brisa, baloiçava a única luz existente
Fazendo dançar sombras irrequietas, difusas
Lembrando nas formas, de acordo com a imaginação
Algo não existente, capaz de nos assustar
Apenas um cão, testemunha muda, preenchia o espaço
Faminto, solitário, dono de ninguém... débil
Abandonado, por quem a vontade de viver, perdeu
Naufragado Titanic que contigo me levou, e o amor
Amor que ficou para estas palavras escrever...
Amor que se finou no fundo de um fundo mar azul...
No esquecimento de nós te encontrei
Mar sem água ao vento de espuma
Em levante, no rebentar das ondas
Amantes, foi há muito, recordo
Semeei em ti o amor que conservo
Prendi-me, solto, nas amarras do teu coração
Turbilhão, sem pontos cardeais, perdido
Teus lábios afago em adoração constante
Em silêncio, ingênuamente, à beira mar
Maré vazia, areal distante, te cantei o amor
Nua, no meio do nada, ergueste teus seios
Sobre terra húmida caminhaste a sorrir
Sombra irreal de contornos indefinidos
Quero continuar a sonhar, quero não mais acordar...
Entre 2 e 30 de Junho de 2007 estará patente a minha exposição "As Formas que as cores proporcionam" na GALERIA MUNICIPAL DE OURÉM, sedeada no CENTRO HISTÒRICO - Praça do Pelourinho na Freguesia de Nossa Senhora da Misericórdia. Apresentarei trabalhos em acrílico, tinta da china e colagens. Agradeço antecipadamente a V. visita.
A visão artística do mundo, leva com que o desânimo cada vez mais, se apodere de quem nasceu para dar uma panorâmica diferente àqueles cuja sensibilidade não se desenvolveu. A tecnocracia, associada a uma cega maneira de tentar vencer na vida, sem que as sensibilidades aflorem, tomou conta indiscriminadamente daqueles para quem a vida perdeu todo o sentido do belo, do artístico, ignorando as cores que a decomposição da luz ao atravessar um prisma, nos dá.
A globalização, fenómeno dos finais do século passado, tornou-se uma arma poderosa dos mais ricos, impondo a tudo e todos aquilo que os seus interesses definiram. A cultura, embora atrofiada nos orçamentos de estado, que mais se preocupam com o cimento, o protagonismo e o seu próprio bem estar, cada vez mais sobrevive pela carolice daqueles que nasceram para tornar este mundo melhor. É a entrega, daqueles que ainda acreditam, que a arte e feita por alguns, para todos. É uma arma poderosa que se transmite através da escrita, da palavra ou das imagens, que embora fruto de algum alheamento, ainda se afirmam, se não hoje, certamente amanhã... É algo que fica, que certamente percorrerá os séculos vindouros, que deliciará os futuros habitantes deste planeta, tal como as obras do passado, nos deliciam hoje, em museus, ruas, praças e etc.
O criador de arte tem ainda a “obrigação” de deixar para a posteridade, aquilo que foi os tempos em que viveu, dando percursos de uma civilização constantemente em mutação. Quaisquer que sejam os orientações dadas pelos senhores da globalização, a perseverança daqueles que vêm o mundo duma forma diferente, os artistas, terão sempre uma palavra fundamental entre aqueles que ainda acreditam na humanização da humanidade. Terão sempre um papel relevante contra a mecanização da mente humana, cada vez mais próxima dum robot. Seria esse o ideal dos senhores que mandam no mundo... Um mundo feito de seres identificados por um código de barras, que se movem segundo um plano global, quais exércitos à mercê de quem comanda, esmagados pelos interesses dos cada vez mais poderosos.
Mas não permitiremos, os artistas não permitirão. Não calaremos a nossa voz, não deixaremos de escrever. Havemos de pintar, desenhar, representar sempre, o que está bem, o que está mal, o que tem de ser mudado. Lutaremos com as nossas pacíficas armas contra o cinzento, dando outra cor aos olhos daqueles que ainda acreditam em nós. É uma missão que nos fará respirar sempre o ar despoluído, que graças á luta de muitos, ainda paira sobre a Terra. Que seja um artista, o último a calar a sua voz no dia em que chegar o holocausto...
A Arte Abstracta tende a alterar toda a relação existente com a realidade que conhecemos. Caso contrário, estaríamos na presença da Arte Figurativa. Mas quem pinta, para além do conhecimento das realidades, existe também o conhecimento de outras formas, e essas são expressas pelas cores conhecidas amalgamadas entre si à procura, não de querer representar algo existente, mas de representar o tal abstraccionismo.
No nosso quotidiano é frequente deparar-mo-nos com imagens abstractas, basta olharmos para o céu; os sonhos, que nos inundam de imagens sempre novas, diferentes e que de certa forma passam a fazer parte do nosso consciente; os filmes, onde o imaginário roça quase sempre o abstracto.
Na pintura, sempre que estamos na presença de arte abstracta, logo nos interrogamos: “ Que vem a ser isto? Não se parece com nada…”. Na realidade, quando pinto aquilo que não existe, tento unificar nas minhas telas o senso, a sensibilidade, o espírito, a matéria e a loucura das imagens que vou construindo, sem nunca esquecer o momento de “parar”… esse é o momento mais difícil, senão nunca mais deixaria de “despejar” tintas sobre um trabalho. A partir desse momento, para mim essa imagem deixou de ser abstracta, pois acabei de a construir. Coloco o quadro à minha frente e a cada dia que passa mais me integro nele. É como se fizesse parte do meu dia a dia. É mais um acrescento à minha existência… quando me separo dele sinto a satisfação de saber que mais alguém partilhará as mesmas emoções que eu tive. Um quadro abstracto dá-nos a satisfação diária de, através da nossa observação, descobrirmos permanentemente novos pormenores, novas emoções.
Todos os trabalhos expostos pretendem caber nas minhas palavras, palavras que espero sejam partilhadas pela vossas emoções resultantes da observação desta exposição
2002 – Fábrica das Artes – individual - Torres vedras
Pavia – individual – Arraiolos
Fábrica das Artes – individual – Torres Vedras
Fábrica das Artes – colectiva – Torres Vedras
2003 – Vila Real de Sto. António – individual
Fábrica das Artes – individual – Torres Vedras
Bienal de Fátima
Criação do site na internet – exposição mundial
2004 – Exposição no Restaurante Beoba
Russelheim – Galerie XX – Alemanha
2005 – Valência do Minho – sala “Domus Municipalis”
Restaurante Quinta da Barca
Casa do Tempo – Castanheira de Pera
Biblioteca Municipal – Felgueiras
Esc. Sup. De Gestão de Felgueiras
Museu do Ferro – Torre de Moncorvo
2006 - Albergaria-À-Velha
Hotel Costa da Caparica
Oliveira do Hospital
Aljezur
S. Braz de Alportel
Guimarães Turismo
Angra do Heroísmo
Numa estrela cruzaste os céus
Quanto amor em ti transportavas
Cadente, desejo, me dirigias
Pérolas dum rosário incandescente
Fundias metais por contacto
Era belo teu manto cintilante
Calor de união, que atracção
Suportei tua distância sem alcance
Sofri por saber-te sem retorno
Órbita dum amor que gravita
Partiste...
Alguém te quis ao Seu lado
Impotente anuiste à viagem
Para onde? Não sabes, mas longe
De cartaz em punho a viver passei
Onde dizia “quero-me junto de ti”
Esperei anos por um cometa
Que o peso do meu amor aguentasse
Num salto no espaço me senti
Atraído por forças de ti
Abri os olhos
Eras tu...
Linda, envolta num manto de amor
Quando te toquei e abracei
Senti teu calor me inundar
Passamos ao estado gazozo
Unidos como foi nosso desejo
Essência, luz e oxigênio
Matéria, terminado incompleto
Humano, imperfeito
Carne, degenera se morre
Somos aquilo que Quiseram
Seremos aquilo que Quiserem
Vontade de liberdade
Grito na escuridão
Acordem-se morcegos
Façam algo por vós
Mudem o qu’esta errado
Forcem o curso do mal
Acomodados, inertes
Comem a sopa que há
Mexem na palha azeda
Ocos, escuros, sem ida
Despertem do sono forçado
Cravem as unhas nas nuvens
Rasguem novelos de ódio
Façam do amor um dom
Com amor supero barreiras
Venço oceanos profundos
Caio num berço de ouro
Tenho a espuma do bem
Nunca escolhas a quem fazer bem
Todos precisamos de amor
Oferece rosas e cor
Sem que olhes a quem
Recordo-te pequenino, inocente, doce
Ensaiavas os primeiros passos, titubeante
Desenhavas em babetes borrões de nódoas
Derrubavas o que as tuas mãos alcançavam
Recordo-me dos teus choros, de fome? De dor?
Teus movimentos inquietos, bailados lindos
Tudo se te acabava na boca, como que a provar
Gatinhar que te encurtava as distâncias...
Recordo-me da tua primeira indisposição, doença
O pânico que semeaste nos nossos corações
Indiferente na tua inocência, que tenra idade
Comum a todos, mesmo assim preocupante
Recordo-me de te deitar sobre o meu peito
Minúsculo, cheio de vida, à espera de carinho
Adormecendo no universo das minhas canções
Com as mãozinhas tentando, algo seguro, agarrar
Recordo-me dos teus banhos, tudo à volta molhavas
Salpicos que escorriam na tua inocente felicidade
Que preenchiam em mim, teu pai, amor reconhecido
Nada de ti me alterava o humor... que amor...
Recordo-me das tuas gargalhadas, hilariantes
Das cócegas que nos pés e costas te arrepiavam
Daquilo que me querias dizer, mas que ainda
Não tinhas idade para pronunciar...
Recordo-me que quantos “galos”a tua perseverança
Fez criar na tua cabeça, sempre roxa, a “cantar”...
Mas depressa a andar aprendeste, fruto dos “galos”
Que ràpidamente como um radar funcionaram...
Recordo-me das tuas primeiras palavras, mamã, papá
Foste igual a tantos outros, surpreendente...
Articulando palavras com a expressão do teu olhar
De bracinhos no ar, suprindo expressões verbais
Recordo-me dos teus primeiros projectos, desenhos
Guardo centenas que um dia te mostrarei, orgulhoso
Sairam das tuas mãos, comandadas pela tua vontade
Expressão dum cérebro em criação, voluntarioso...
Recordo-me das tuas primeiras vontades, exigências
Infantilidades para adultos, importantes para ti
Com respeito, foste crescendo, por dentro e fóra
Numa vida que te quisemos feliz, repleta...
Recordo-me cada dia das tuas décadas de vida
De cada dia contaria enciclopédias, chegaria?
Orgulhoso pelos valores a ti transmitidos
Num longo estágio onde te preparamos para a vida
Recordo-me de ontem, hoje e amanhã? Não sei...
Não sei amanhã o que haverá para recordar de hoje
Hoje que ainda não aconteceu, que o destino já sabe
Hoje que vai acontecendo, aquilo que o destino traçou...
Como é que a pintura surgiu na sua vida?
R - A pintura sempre foi algo que me fascinou desde criança, herança possivelmente dum pai a quem todas artes fascinavam. Em casa havia muitos quadros, livros de pintura dos grandes mestres portugueses e estrangeiros do século 19 e 20, assim como de escultura e poesia. No princípio dos anos 60 entrei num concurso internacional lançado pelo famoso desenhador de automóveis Pinin Farina, com um modelo original, tendo ganho uma Menção Honrosa – tinha e tenho uma enorme paixão por automóveis. Participei com uma escultura nos finais dos anos 90 num concurso da Swatch, onde obtive o primeiro prémio, o que deu o direito a comprar um dos 6 relógios Swatch desenhados pelo escultor Pomodoro, numerados e assinados, que vieram para Portugal duma edição mundial de 700 exemplares. Embora tivesse pintado alguns quadros na adolescência, só depois de 2002 é que comecei a dedicar mais tempo aos meus trabalhos, após uma vida profissional dedicada à aviação comercial como técnico e instructor, que não me deixava quase nenhum tempo livre, para além de longas estadias no estrangeiro em serviço. Sem esquecer a família, obviamente sempre em primeiro lugar. Nessa altura resolvi, sem medos, dar a conhecer ao mundo as minhas pinturas, sujeitando-me ao julgamento de todos os apreciadores de arte.
Teve alguma formação na área?
R – Exceptuando os meus tempos de Liceu, onde tinha duas horas de desenho por semana, não tive qualquer espécie de formação. Claro que não posso esquecer os milhares de livros e revistas de arte que possuo e que estou permanentemente a ler e a ver, não com o intuito de me inspirar, mas para conhecer o que se fez ou se vai fazendo pela pintura. Normalmente recorro a técnicas mistas onde na mesma tela pinto com acrílico, óleo, tinta da china e etc., além de usar areia, pedrinhas ou que me vier à mente. A formação é importante mas conheço casos em que espartilhou e condicionou muitos artistas, seguindo um rumo sobre carris, com medo de dar asas à imaginação criativa.
Quais os temos que gosta de transpor para as telas?
R – Temas? Não, jamais conseguiria organizar a minha mente nesse sentido. Olhe para qualquer dos meus trabalhos. Se não estivessem assinados poderia pensar tratar-se de uma exposição colectiva. Não tenho nenhuma imagem ou tipo de trabalho padrão, como acontece com grandes nomes da pintura, que basta olharmos para um quadro e identificamos logo o seu autor. O que me fascina é criar, criar imagens que podem existir na mente de muita gente, mas que não são reais na natureza. Para registar imagens reais, figurativas, uso a fotografia. Os meus temas, para concluir, passam quase sempre pelo abstracto. É na pintura abstracta que descobrimos novos mundos, ou “UM OUTRO MUNDO”
As pessoas captam facilmente a mensagem dos seus quadros ou fazem interpretações diferentes?
R – A experiência que tenho – aqui poder-se-ia começar uma discussão salutar com os críticos de arte – diz-me que as pessoas reagem naturalmente no sentido de gostarem ou não dos meus quadros. As pessoas já se habituaram a olhar para a arte abstracta sem a preocupação de querer ver alguma coisa. Sinto em muitos visitantes das minhas exposições que há sempre empatias que se criam com muitos trabalhos, que levam muitas vezes à sua compra. Claro que cada pessoa olha para um quadro de uma maneira diferente, digamos, “olha à sua maneira”…
Para si é difícil despreender-se das suas obras?
R – Em cada trabalho que faço fica sempre um bocadinho de mim. Não custa muito desprender-me dum quadro porque penso assim: se foi comprado é porque gostaram e decerto o vão pendurar em casa, num local onde diariamente o verão, e, se me conhecerem, melhor, pois associarão de imediato os dois. E é bom quando somos lembrados por alguma coisa que aqui deixamos, não importa se material, se espiritual, importa sim que seja nosso.
Qual a exposição que realizou e que mais o marcou?
R – Penso que foi a primeira, em Torres Vedras, na Fábrica das Artes, graças a um amigo que teve a “coragem” de me deixar expor num espaço excelente. Não é fácil em Portugal arranjar-se um espaço para expor. Os nomes sonantes das artes têm todas as portas, janelas, clarabóias, etc. abertas, assim como toda a imprensa escrita, falada e Televisões. Os restantes têm que lutar muito… lembrei-me agora dos grandes pintores holandeses e flamengos que nunca venderam um quadro, que quase morreram à fome, e que hoje, nos famosos leilões da Christies os seus quadros são vendidos por centenas de milhões de euros. Costuma-se dizer que “a história repete-se”!...
Porque intitulou "Um outro mundo" à sua presente exposição?
R – “UM OUTRO MUNDO” … Há muitos Mundos que não conhecemos. O meu também não. Todos temos o nosso Mundo, ou pelo menos a nossa visão do Mundo. Quem visitar a minha exposição passará a conhecer, sem pretenciosismos, UM OUTRO MUNDO. As cores e as formas fazem parte do nosso mundo… fazem parte dos meus quadros.
Os olhos de um pintor vêem as coisas de igual forma que os olhos das outras pessoas?
R – Não, principalmente na pintura abstracta, onde mil olhares têm mil interpretações diferentes. Isso, afinal, acontece em muitas outras coisas da nossa vida. Nas cores, nas formas, nos cheiros, nos sentimentos somos todos diferentes. O que é positivo, já viu o que seria se toda a gente gostasse do amarelo? Além do que, para se pintar tem que se usar sempre uma boa dose de loucura (palavras minhas)
Das várias áreas culturais a que se dedica existe alguma que seja a sua preferida?
R – Não tenho nenhuma preferencial. Ou melhor, prefiro sempre aquela em que estou a trabalhar no momento, talvez por essa ocasião ser aquela que me está a ocupar a mente. Lamento apenas não escrever mais poesia, mas voltando ao que disse antes, “a história repete-se” ou seja, só se editam nomes conhecidos e as tais portas, janelas… não se abrem para todos. Escrever para colocar numa gaveta ou deitar fora! Já pensou se tivesse uma fábrica de sapatos e ninguém os comprasse? Acabaria decerto de deixar de produzir. Assim acontece com a poesia.
Acha que actualmente os Portugueses estão mais receptivos às coisas da cultura?
R – O principal problema dos portugueses actualmente passa pela crise e pelo desemprego. A arte alimenta o espírito e não o corpo. Quando o dinheiro não chega para tudo, o supérfluo é o primeiro a ser cortado, e penso que a arte está nesse patamar. No entanto apreciam e gostam de ir às exposições. E muitos confessam, “adoraria comprar este quadro, mas está fora do meu orçamento”. Eu também tenho as minhas prioridades assim como tenho muitas coisas que “estão fora do meu orçamento” por isso compreendo as pessoas. O acesso à cultura é muito condicionado pelo nível de vida dos Portugueses.
Quanto a si o que mais poderia ser feito em prol dessa área?
R – Aqui vou-lhe falar um pouco de mim, daquilo que tenho feito em prol da cultura. Para realizar esta minha exposição em S. Brás de Alportel percorri 2600 quilómetros de carro à minha custa, paguei 2 noites de hotel e montei, juntamente com a minha mulher durante 4 horas aquilo que está à vista. Não vou aqui fazer contas do dinheiro que gastei, mas posso dizer-lhe muitas vezes o que se vende não paga sequer as despesas –isso sem contar com as telas, tintas, vernizes, materiais diversos e etc. E mais, todos os preçários, os pequenos folhetos a cores das exposições são feitos por mim. Os milhões que o Estado gasta com a cultura por ano vão para meia dúzia de pessoas ou eventos. Não vou acrescentar mais nada porque quem está dentro do assunto percebeu onde quero chegar. Eu não quero apoios nem dinheiro do Estado, gostaria apenas que houvesse mais divulgação cultural no campo da pintura e escultura criando espaços com “janelas abertas” para quem as tem fechadas.
Quais os artistas que mais admira e o influenciaram?
R – Admiro muito Dali, Picasso, Klimt, Cargaleiro, Vieira da Silva e poderia continuar num rol sem fim, mas como referência aprecio acima de todos o pintor alemão Gerhard Richter, felizmente ainda entre nós. Gostaria de ser mais influenciado pela sua obra, mas as dimensões gigantescas que habitualmente têm os seus quadros, tornam isso difícil.
Que definição daria à palavra "Arte"?
R – Definir arte? É uma forma de exprimir as minhas emoções, belezas, equilíbrios e revoltas.
Quais as suas maiores ambições como artista?
R – Isso é uma pergunta que não se faz. Mas, vou abrir uma excepção. Todos temos as nossas ambições dentro daquilo que sabemos fazer, e raramente as divulgamos, ou por uma questão de modéstia ou de educação. Mas não vai ficar sem resposta. A minha maior ambição como artista era que todos os trabalhos e todos os artistas fossem respeitados na medida em que tornam o mundo mais colorido e pacífico.
Flor de cristal, delicada
Assim te sentia, bela e doce
Em mim e sempre, bem vincada
Flor de veludo, macia
De toque que me arrepiava
À sombra de uma acácia
Flor de perfume, sublime
Que me embalas no regaço
Numa cadeira de vime
Flor de amor, paixão
A dois somos felizes
Coração explosivo, vulcão
Flor de água, transparente
Lusco-fusco do entardecer
Luz que me enche a mente
Flor de luar, reflexos
Mel que de ti doce pinga
União dos nossos sexos
Flor de amar, encantamento
Caminhos convergentes, suados
Numa noite de relento
Flor de fazer amor, toque
Num auge que se deseja
Em que a ambos provoque
Flor de um acabar, triste
Que se empurra, renega
E em caso algum desiste
Flor da vida, enfeitada
Respiras oxigênios de amor
Para sempre minha amada
“Ground zero”
sinónimo d’um acto de terrorismo
que prematuramente calou
inocentes anónimos
que morreram
sem saber por quê nem para quê
num mundo onde a paz não é desejada
fazendo guerras
matando mais inocentes anónimos
choram-se corpos desaparecidos
recordações arrancadas
num mundo cruel
guiado por interesses
quem somos nós, mortais
que vemos anunciar guerras
com sorrisos nos lábios
em “bunkers” defendidos
em nome duma democracia
que só serve a quem manda
que só existe para o poder, e
que criam guerras absurdas
com um sorriso nos lábios
Acordei rodeado de nuvens, porquê?
Estranho, tão alto, distante
Olhei à volta, procurando não sei quê
Senti que ali não era meu quadrante
Tua falta de imediato me assaltou
Um aperto tomou conta de mim
Próprio de quem já amou
Junto ao meu vaso de jasmim
Como poderias estar tão longe
Fugida duma paixão
Sem saber que dia é hoje
Tentei alcançar-te com a mão
Compreendi que optaste partir
Entregando-me à solidão
E eu como não sei mentir
Sei que vou ficar na escuridão
E os dias vão passar
Lentos, penosos, sem ti
Mas a minha razão de te amar
Me dará o mundo em que vivi
Mas, se valer a pena voltares
Podes arrepender-te... sabes?
Espero que seja p’rá me amares
Onde tu, no meu coração, cabes